Não estás sozinha!

Desejaria que fossem mais gratas com seus Anjos da Guarda. Vejam, filhas, a imensa bondade de Deus, criando os Anjos da Guarda para o nosso bem. Já pensaram o que significa Deus ter confiado a príncipes de sua corte a missão de acompanhar-nos sempre e em toda a parte, dia e noite, viajando ou em casa; assistir-nos continuamente, mesmo quando pecamos (e isto os faz tremer) ou resistimos às suas inspirações e nos revoltamos contra eles? Quão grande é, filhas, a bondade do nosso Deus! Que felicidade para nós e, ao mesmo tempo, que privilégio e que benefício!

O Anjo da Guarda tem a missão de zelar pelos nossos interesses, como se fossem seus; e de ajudar-nos em todas as necessidades. Quando rezamos, leva para o céu as nossas preces, e de lá nos traz as graças de Deus. Se sofremos, ele nos consola, sugerindo-nos bons sentimentos. Seja qual for nossa disposição interior, ele vela por nós como por um irmão; conduz-nos pela mão, como faz a mãe carinhosa com seu filhinho; afasta-nos dos perigos; ajuda-nos e socorre-nos com seus conselhos, nas dúvidas e dificuldades; enfim, ele é para nós o que o guia é para o viajante, o médico para o enfermo, o pai para seus filhos, o amigo mais fiel para o seu amigo.

Digam-me, filhas queridas, não experimentamos todos os dias a presença amorosa e constante do nosso Anjo da Guarda? De onde procedem as luzes que tornam mais viva a nossa fé, os impulsos que nos movem para o bem, os momentos felizes nos quais o coração se sente arrebatado em Deus? Oh! São os Anjos da Guarda que infundem em nossos corações esses piedosos e doces sentimentos; e, quando seguimos seus conselhos e santas inspirações, eles se regozijam e celebram no Céu a nossa fidelidade. Seríamos muito infelizes, se não quiséssemos aceitar os seus conselhos, nem as santas propostas que nos oferecem, para que sigamos o caminho da santidade a que fomos chamadas, e se resistíssemos às suas inspirações.

Filhas, agradeçamos a bondade de Deus e a amorosa e constante presença do nosso Anjo da Guarda. Lembremo-nos, porém, dos nossos deveres de gratidão para com ele, que consistem em respeitá-lo, amá-lo, falar-lhe e imitá-lo. Se temos obrigação de respeitar as pessoas ilustres e santas da terra, de que respeito não devemos cercar os príncipes do Céu? Grande será nossa culpa, se praticarmos sob seus olhares o que não faríamos diante de uma pessoa respeitável!

O nosso Anjo da Guarda acompanha-nos por toda a parte; é preciso não esquecer esta verdade: assim evitaremos atitudes ou palavras indignas de tão augusta presença. Como deixar de amar um tal benfeitor, um amigo tão querido, tão santo, tão perfeito? Como não amá-lo, não agradecer muitas vezes sua presença, seus serviços, os bons pensamentos que nos sugere, os bons sentimentos que inspira ao nosso coração?

Falemos Freqüentemente com ele. Quando amamos realmente uma pessoa e temos oportunidade de estar em sua companhia, nós a cumprimentamos, falamos com ela e lhe confiamos nossas alegrias e sofrimentos, abrimos-lhe, enfim, o coração. Não demonstramos amor ao nosso Anjo, se passamos dias e noites sem lhe falar, sem lhe expor nossas necessidades, sem nada dizer; não o amamos se, pela manhã, ao acordar, não o saudamos colocando nosso dia sob sua proteção e, antes de deitar, para pedir-lhe que ame e adore a Deus por nós, durante a noite; não o amamos se, nas nossas atividades e dificuldades, nos desgostos, nas fraquezas, lutas, enfermidades, não invocamos sua proteção; se, finalmente, nas viagens, não saudamos os Anjos da Guarda dos lugares por onde passamos e, nas relações com o próximo, o Anjo da Guarda das pessoas com quem convivemos.

Devemos imitar o Anjo da Guarda: imitar, na igreja, a sua profunda devoção diante do Sacrário, na oração, seu recolhimento e sua piedade, em nossas atividades, sua união com Deus, nas tentações, suas lutas vitoriosas contra o demônio...; no exercício da caridade, sua paciência em suportar os erros e defeitos do próximo, sua doçura, sua generosidade, disponibilidade; enfim, em tudo, sua conformidade com a vontade de Deus, a retidão de suas intenções, sua vida pura e inocente.

Vocês entenderam, filhas? Espero que sejam gratas a Deus e ao seu Anjo da Guarda. Se forem fiéis em ouvir e seguir os seus conselhos, tornar-se-ão santas, grandes santas e em breve santas.

De todo o coração as abençôo, e vocês, filhas, rezem pela

                                                                                  sua afma. Madre